sexta-feira, 6 de março de 2009

Chuvas

Crisálidas a se romperem, ainda meus olhos permutam pelo desejo tão apriorístico que esqueceria o mais frankfurtino de citar Habermas na sua totalidade histórico-crítica. Aquilo que ainda nos ventos singelos me treme as razões aparentes que ocultam a verdadeirta num compasso de empirismo "sine qua non".

Prantos que se escorrem columbrinos como na praça burguesa nos faz refletir sobre a intencionalidade do porvir epistemológico. Sonho em meus estágios o REM ainda sem a matéria da melatonina. Tudo que gostaria numa fusão seria ter feito o que titubeei.

Vocativos à parte, quem os utiliza e no caos do transporte público ainda defende a razão oficial. Aquele que ainda da sua violência simbólica nos cria o habitus tende a esmorecer.

E espero com a paciência de Ganesh, com a ordem de Shiva... Nada mais peculiarista do que os práticos nos induzem de uma ciência medíocre. Salvem e se salvem...

Sábio absinto...

Minha embriaguez ainda sonha,
Por dias de lucidez ainda leves,
Que aos prantos ainda clamam,
Como explosão lepidóptera.

Inquietos zéfiros me indagam,
Quando a vida me faz sorrir,
Nos trágicos desencontros incautos,
Por vir ainda o Menelau.

Cérbero ladra por resolução,
Da travessia do Aqueronte,
De minh'alma púrpura.

Ah! Bocage que me consola,
Nos pulcros sentidos da amargura,
Nascente de desejos por praticar...

Mais um sobre aulas...

Nada mais me surpreende (eu presumo, mas como presumir é algo apriorístico, deixo em suspenso).

Aula de Biologia sobre vírus. Lá estava eu explicando sobre vírus, sua composição e ciclo de vida, quando resolvi mostrar alguns exemplos. Comecei pelo clássico sobre AIDS e passei para o HPV, mostrando que o mesmo pode causar câncer de colo do útero, quando...

"Professor..." pede a palavra um aluno.

Olho para ele e espero o questionamento.

"O câncer de colo de útero só acontece nas mulheres????"

Um caos se instala na sala de aula, como se uma coluna de raios gama provenientes da explosão de uma grande estrela atingisse em cheio nosso planeta... de repente, no meio de gritos e risos, ouço um aluno...

"Pelo amor de Deus, professor. Eu juro que a gente nunca faz esse tipo de pergunta!!!"

Penso: "O que Deus tem a ver com isso?" e a aula continuou... na medida do possível...

terça-feira, 3 de março de 2009

Normalidades...

Na escola, o assunto a ser tratado era Genética. Seguindo a ementa, fiz um explicação sobre a origem da Genética, sobre Gregor Mendel, Dobzhansky e Freire-Maia. A partir daí, demonstrei os experimentos de Mendel com ervilhas-de-cheiro e parti para os exercícios. Em um deles o enunciado era o seguinte:

Um casal de pessoas de pele normal têm um filho albino. Qual o genótipo dos membros dessa família?

Mal enunciei o problema e uma aluna protesta:

"Professor! Olha o preconceito!!!! Negros também têm pele normal!!! Isso é racismo!!!"

Com uma cara de espanto, virei-me e respondi:

"Mas em negros também há albinos!!!"

"É, mas o senhor só incluiu os brancos!!!"

"Como assim???"

"Você disse que todos nós da sala temos pele normal, isso é racismo, não incluiu os negros" (realmente não havia negros verdadeiramente negros, mas havia pessoas com fenótipos de negros, indicando sua ascendência).

Precisa eu explicar??? Precisava, e expliquei. Se você não entendeu, mande um email e me pergunte a explicação...


E assim terminou minha noite...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Na Casa China tem!

Um dia como outro qualquer este seria, caso não houvessem infortúnios e devaneios a me enculcar. Se um trator passasse sobre minha cabeça e meu cérebro espirrasse no asfalto, talvez eu sorriria após a dor incomensurável que isso deve causar. Talvez sim, talvez não. Na verdade acho que uma discussão dessas é encher linguiça.
Regras novas no português. Um monte de gente deve comentar sobre isso, porém acho que até com isso lojas de quinquilharias gostam de ganhar dinheiro. Passei em um dia desses na frente da Casa China e me deparei com um livreto gratuitamente distribuído por aquele estabelecimento com as novas regras da Língua Portuguesa... impressionante... tudo o que você quiser, "na Casa China tem!"

domingo, 1 de março de 2009

Sonhos de domingo

Eu lhe dei a mão. Ela me dizia para esquecer a vida que me fez sofrer por semanas que pareciam meses infindáveis. Sorrimos e íamos para nossa nova casa. Era um condomínio de prédios e estávamos num grande pátio que distribuía para aqueles arranha-céus de alto nível. Minha querida companheira dizia que sua mãe havia comprado um daqueles suntuosos apartamentos e nos havia dado como presente de casamento. Nesse meio tempo, um beijo tomou conta de nossos pensamentos e terminou em um dos mais românticos sorrisos de um casal apaixonado.

Entramos. O apartamento era grande. A sala era de cor pastel e comprida e possuía quadros nas paredes de natureza morta. A sacada mostrava ao longe um grande prédio escuro de uma grande corporação. O edifício tinha um formato futurista, como uma grande letra "f" invertida como num espelho e a haste inferior desse "f" girava lentamente.

Sentamos para assistir televisão. Um programa passava sobre o que fazer em caso de incêndio em edifícios. Bombeiros corriam de um lado a outro e pessoas coletavam os mortos. Ou semi-mortos. Com corpos em carrinhos-de-mão, jogavam-nos em uma piscina na qual boiavam ainda vivos, tendo espasmos frenéticos até se afogarem. olhávamos perplexos a cena deveras dantesca.

Num passe de mágica acordo e vejo entre os corpos minha amada. Eu sentado com ela em meus braços, ambos chamuscados. Meus prantos ecoavam pela região. Gritava seu nome e chorava.

Acordei, era de manhã e a realidade me parecia sentir que o sono era a melhor opção...