domingo, 20 de dezembro de 2009

Liberdade

Pode a Liberdade existir? Diz nos aquelas máximas de que a busca da Liberdade se estabelece para até o final da vida. Logo, a Liberdade se conquista com a entropia de nosso corpo pelo Universo? Estrelas, então, são livres. Queimam até se tornarem outras estrelas. Tornam-se gigantes vermelhas, anãs brancas. Vagam por suas galáxias construindo e reconstruindo, em um ciclo talvez infinito até que o Universo se expanda e torne tudo diferente.
Talvez essa Liberdade seja a busca pela felicidade da mesma forma. Nossa busca é um sonho impossível que teimamos em sonhar. O futor não existe até que se torne o presente. E assim ele já passou. Torna-se passado. Buscamos o fundo da caixa de Pandora, o sonho de Tristão e Isolda, o fim de Romeu e Julieta. Mas buscamos as pegadas de Perséfone e a música de Pã. A vida se leva e o amanhã só nos importa quando se torna ontem. Malditas sinapses do lobo frontal direito que nos faz acreditar no que não é possível concretizar.

sábado, 6 de junho de 2009

Um passeio pelo mundo cervejeiro

Este post foi publicado no Blog Opinião de Segunda (opiniaodesegunda.wordpress.com)

A convite do J. R. Tosco, resolvi colaborar um pouco com este distinto blog, com o qual me divirto sempre que posso. Então resolvi neste primeiro texto, contar um pouco da minha experiência.
Depois de ter alguns colapsos nervosos devido ao trabalho e ao estudo, meu médico me mandou achar alguma coisa que possa me entreter. Como eu gosto de sair e beber, resolvi adentrar no mundo das cervejas e começar a degustar as tais. Seis meses depois, experimentando tudo quanto é tipo de cerveja, posso dizer que me apaixonei pelas Weissbier, ou cervejas de trigo. São as cervejas de coloração turva que muitos maldosamente alcunham de “cerveja suja” devido ao material particulado presente em sua composição. Uma boa cerveja de trigo tem essa turbidez característica. Para o realce de seu sabor e o apreciador poder notar tudo o que ela pode oferecer, é indispensável que a bebida seja servida entre 4 e 7 graus Celsius e numa taça adequada chamada de Weizen, onde o conteúdo da garrafa deve ser despejado completamente num ângulo de 45 graus e, ao final, a garrafa agitada para criar-se a “espuma” pela desnaturação das proteínas do fundo da garrafa e recolher o material particulado no fundo da mesma. Mas fora isso, convenhamos, o Bávaros sabem beber, e eles criaram as cervejas de trigo.
Atualmente venho passeando pelos lugares de Curitiba onde essas cervejas podem ser encontradas (bares e baladas) a fim de avaliar se elas são apenas tratadas como “cervejas chiques” ou se elas realmente têm um destaque e um tratamento digno, que credita a casa a ser convidativa para os apreciadores das mesmas.
Neste final de semana (30/5), passei pelo Mondo Birre, casa conhecida que fica no bairro do Batel em Curitiba, muito citada entre as pessoas que degustam cervejas por ter uma boa variedade dessas bebidas em seu cardápio. O ambiente da casa é interessante, com dois ambientes, porém algo esperado em qualquer balada na região do Batel: muita gente bonita, coisas muito caras e um pop rock para universitários (além de outras coisas que prefiro serem comentadas pelo próprio Tosco, por ele ter um humor mais ácido do que o meu). Lá, degustei a Franziskaner Hefe-Weissbier Hell, juntamente com a Erdinger Pikantus e a Hofbräu Original (que não é Weiss, é Helles).
Como estava frio, resolvi pedir a Erdinger Pikantus primeiro. Considerada uma mistura de Weiss com Bock (Weizenbock), ela tem 7,3% de teor alcoólico. Tem um aroma forte e característico, levemente apimentado e adocicado e isso aumenta à medida que ela esquenta. Algumas pessoas não gostam dela porque ela não parece uma Bock e nem com uma Weiss (claro, é Weizenbock), e isso lhe dá um leve sabor de café, mas para quem quer se esquentar (como eu naquele momento) é uma boa pedida.
Depois de aquecido, pedi a Franziskaner. Essa cerveja é muito conhecida na Alemanha e considerada uma das grandes representantes do gênero Weiss. Como o próprio nome já diz, ela é uma Hefe-Weissbier (ela não é filtrada, sendo o fermento engarrafado com a bebida, o que dá uma segunda fermentação em meio anaeróbio) o que ocasiona o aparecimento de partículas no fundo do copo (o que faz as pessoas não gostarem, por ignorância) e ela é Hell (termo para “clara”, apesar de que é “from Hell” também). As principais características da Franziskaner Hefe-Weissbier Hell são o forte aroma de fermento e de carbonatação presente no seu sabor. A espuma é consistente e é possível sentir um aroma frutado e um “azedinho” que fica na boca.
Agora, minhas considerações sobre a relação da casa com a bebida: os garçons são totalmente despreparados, com exceção de um. Os demais provavelmente receberam um curso rápido pela internet sobre cervejas e a casa parece não se importar com isso, afinal, o nível das pessoas que freqüentam o local não é de degustadores (não que eu seja um). A cerveja estava extremamente gelada (o que é muito ruim, pois impede que você sinta o sabor da bebida), o copo estava molhado e os garçons entornavam a bebida no copo como se aquilo fosse uma Skol. Porém, continuei com meu hobby, decepcionado porque a cerveja não expressou tudo o que ela tinha a oferecer.
Para encerrar, e desta vez um garçom mais qualificado me serviu, porque o outro estava provavelmente me achando um boçal, pedi a Hofbräu Original (foi impróprio eu a pedir, já que meu paladar e minha consciência já tinham ido para o espaço). Essa cerveja é uma Helles Munich Lager de Munique produzida segundo a Lei de Pureza da Baviera, com sabor levemente picante e que tem um equilíbrio entre os sabores do malte e do lúpulo. Para quem não conhece, as cervejas conhecidas como Lager são as cervejas de baixa fermentação ou de fermentação fria. Dentro dessa categoria estão quase 90% de todas as cervejas mais consumidas no planeta. As divisões entre as lagers são várias, mas a mais conhecida é a Pilsener American Lager ou Pilsen, que entram a Kaiser, a Skol, a Sol, a Bohemia e tantas outras. Neste caso, a Hofbräu Original é uma Helles, categoria das Lagers com menos lúpulo e mais malte.
Para terminar, não recomendo degustar cerveja no Mondo Birre se você não conhece um pouco dos procedimentos para servir cervejas. Você só vai gastar dinheiro e não as apreciará com o devido cuidado. Minha próxima parada será o Slainté Irish Pub, também no Batel.

terça-feira, 21 de abril de 2009

OS IMPERADORES DA HUMANIDADE - Cap. I - Protocolos a se seguir

Seu Reino e seu Destino dançarão sob a égide do Brasão”.

Rhandur, filho de Khandurin IX, protetor das Terras Baixas, príncipe da Casa de Narhrun ouviu essa frase tão desconexa de um velho mendigo, que transitava pela Praça do Mercado da cidade de Gnathur. Aquele olhar caolho do ancião fitava aquele jovem alto de pele morena, tão bela, cuja face era desejada pelos grandes pintores do Reino das Terras Baixas. Sem compreender o fato e ignorando-o, Rhandur continuou sua caminhada junto à comitiva que o acompanhava a fim de se encontrar com os mercadores que levariam as especiarias aos Reinos do Norte.

Era um trabalho maçante que seu pai havia lhe outorgado, pois conferir junto ao contador-mor a grande caravana de trinta carruagens comandada por Uthar, um ex-tenente da Cavalaria, era demorada e geralmente levava horas, as quais Rhandur consideravam perdidas. Rhandur gostava de passar o dia na Grande Arena observando duelos entre pseudo-dragões e apostando suas jóias naqueles que gostava e noutros que criava em suas fazendas. A arena de combate entre guerreiros e pseudo-dragões remonta a história, quando 22 linhagens se uniram para derrotar a tirania da Linhagem do Dragão Dourado terminando com a obscura Era Gnathur. Nesse duelo os guerreiros devem dominar e matar os pseudo-dragões da arena. Apesar de arriscada, a profissão de duelista nessa arena é rodeada de glória fama e muita riqueza.

Chegando ao local onde a caravana se instalava e recebia as mercadorias, os empregados curvavam-se sob a presença do príncipe. Uthar avançou à frente de Rhandur e curvou-se.

- Que a luz do Sol brilhe e sempre lhe traga o ouro, meu senhor.

- Chega de mesuras por aqui. Estou exausto e quero terminar com isso logo – interrompeu Rhandur.

Uthar entregou um rolo de pergaminho ao príncipe.

- Eis aqui a relação de produtos a serem levados aos Reinos do Norte.

Rhandur desenrolou o pergaminho e leu atentamente a lista de produtos.

- Muitas especiarias interessantes... Durante um tempo Rhandur leu, até que comentou: Estranho...

- O que seria estranho, Majestade?

- Trinta e seis sacas de Lua-em-flor? Que utilidade teria para eles essa folha tão... comum em nossos campos?

- Não sei dizer, Majestade. Eles têm pedido essa folha com freqüência. Oras, pagam muito bem por isso. Como nossos campos estão repletos e, para nós ela é uma praga que verdeja perenemente, até que é um negócio rentável para algo que simplesmente jogamos fora todos os anos.

- Eles não têm essa planta nos Reinos do Norte?

- Devido aos grandes períodos em que Tharion fica em frente ao Sol, nenhuma planta que necessite de grandes quantidades de luz sobrevive naquelas terras frias. Lua-em-flor é uma planta de hábitos que necessitam de muita insolação.

Tharion é um grande corpo celeste vermelho que nasce no sul e se põe no norte no Mundo. Nas Terras Baixas e outros Reinos do Sul, Tharion sempre está no céu à noite e o Sol sempre é visto durante dez das vinte e seis horas do dia. Enquanto nos Reinos do Norte, a luz só aparece por quatro horas, sendo que Tharion oculta o Sol por oito horas cruzando o céu de ponta a ponta e, quando se põe, volta a mostrar o Sol por mais duas horas, já no poente, anoitecendo finalmente. Essa diferença faz com que o céu nos Reinos do Norte mostre as estrelas, o que não se vê no restante do Mundo.

Lua-em-flor movimenta grandes quantidades de riquezas. Os Reinos do Norte fornecem especiarias diversas e que são muito abundantes naquelas terras. Fumos, temperos, perfumes e essências de qualidade superior provêm dos Reinos do Norte. Geralmente caravanas que vêm do Norte são muito visadas e seus transportadores são pessoas muito respeitadas.

A Praça do Mercado estava repleta de pessoas e caravanas que partiriam em filas a fim de se protegerem até um determinado pedaço do caminho, próximo ao Deserto da Desolação quando finalmente tomaria cada uma o seu rumo. Muito barulho, tendas e carroças se espalhavam de uma forma que o mais desatento afirmaria que havia uma grande desordem naquela Praça. Porém, os grupos gostavam de tomar posições para impedir o furto e protegerem-se uns aos outros.

No centro da Praça havia um corifeu e uma encenação de “Laufelin e Leufenir” na visão da Guilda dos Bardos. Não era uma apresentação bem aceita entre os Nobres, pois acusava a impureza entre os grandes Reis. Isso era desconfortável para a maioria das pessoas. Mas em um Reino como as Terras Baixas, onde havia um princípio de democracia e liberdade de expressão forte, era apenas a demonstração dessa idéia, e os nobres apoiavam de certa forma, tentando demonstrar que as Terras Baixas eram um lugar livre da tirania, como diz a Tradição na qual foi formada.

A peça era toda encenada em torno do grande romance da princesa dos Dragões Dourados Laufelin e do Deus Guardião do Reino dos Mortos Leufenir. Resumidamente, Leufenir se apaixona por Laufelin e tenta raptá-la, utilizando a linhagem dos Escorpiões. Porém, Durendou IV, Reino dos Escorpiões, trai a Leufenir e mata Laufelin. Esta se encontra com Leufenir e se apaixona por ele. Em troca de descendentes, Leufenir reencarna Laufelin, que traria novamente a glória dos Dragões Dourados e reunificaria o Reino destruído pelos Escorpiões.

Rhandur assistiu a encenação enquanto seus assessores faziam a contabilidade da caravana. Era uma história bonita e bem contada, com uma música bem composta e, por ser interpretada pela própria Guilda dos Bardos, merecia toda a admiração, pois os integrantes da Guilda eram bardos muito talentosos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Carta a um incauto

Compreende tu, nobre transeunte a importância de se observar as estrelas? Note que a abóbada celeste passa por nossa ignóbias cabeças sem qualquer cerimônia e muta "a priori" sem que percebamos, porque nossa visão não percebe a profusão de acontecimentos do Universo. Poderia hoje um feixe de raios gama atingir em cheio nosso inocente planeta e pulverizar a vida na Terra e nem notarmos, sendo carbonizados e pulverizados da história sem saber se o Universo está expandindo e do que é feita a matéria escura.

Neste momento em que lê esta carta um meteoro respinga em nossa atmosfera e nada nos acontece. A Terra se carrega de mais matéria e sua densidade aumenta. O Sol passeia pelo braço de Morfeu juntamente com suas irmãs, sentindo o peso da idade para um dia consumir os seus três filhos de alta densidade e acabar fria e de brilho modesto.

Neste momento, coloco-me a divagar sobre como a vida continuará. O que acontecerá em tempos que serão o passado em instantes e é futuro e presente simultaneamente, para depois se tornar passado e se acumular na relatividade do tempo-espaço. Com certeza posso apostar que um alelo novo foi criado em alguma parte desse planeta e seu destino é conseguir se perpetuar. Deve ele ter surgido em alguma célula germinativa e terá de estar naquele espermatozóide que fecundará um óvulo qualquer e que ambos devem estar viáveis e a santa mão da recombinação possibilite que o ser que surgirá tenha as graças da seleção natural e fazer parte da seleta lista de genes de sucesso. Caso contrário, morrerá no esquecimento junto à infinita e imemoriável lista de acasos da evolução já esquecida pelo tempo.

Mas de tudo isso o tempo sempre segue. Segue ateleologicamente o seu caminho e não nos preocupamos com ele, mas o que ele nos oferece diante da nossa mente tão finita para a complexidade das coisas e tão maravilhosa ao mesmo tempo pela sua dinâmica aparentemente tão única do Universo conhecido.

Mas pense, traunseunte incauto: a vida é um castelo no alto de uma montanha, que esconde uma vela acesa em seu interior. Dependendo do seu ponto de vista, a luz estará lá e não estará. Não é a caixa de Schrödinger, mas meu castelo de janelas fechadas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Chuvas

Crisálidas a se romperem, ainda meus olhos permutam pelo desejo tão apriorístico que esqueceria o mais frankfurtino de citar Habermas na sua totalidade histórico-crítica. Aquilo que ainda nos ventos singelos me treme as razões aparentes que ocultam a verdadeirta num compasso de empirismo "sine qua non".

Prantos que se escorrem columbrinos como na praça burguesa nos faz refletir sobre a intencionalidade do porvir epistemológico. Sonho em meus estágios o REM ainda sem a matéria da melatonina. Tudo que gostaria numa fusão seria ter feito o que titubeei.

Vocativos à parte, quem os utiliza e no caos do transporte público ainda defende a razão oficial. Aquele que ainda da sua violência simbólica nos cria o habitus tende a esmorecer.

E espero com a paciência de Ganesh, com a ordem de Shiva... Nada mais peculiarista do que os práticos nos induzem de uma ciência medíocre. Salvem e se salvem...

Sábio absinto...

Minha embriaguez ainda sonha,
Por dias de lucidez ainda leves,
Que aos prantos ainda clamam,
Como explosão lepidóptera.

Inquietos zéfiros me indagam,
Quando a vida me faz sorrir,
Nos trágicos desencontros incautos,
Por vir ainda o Menelau.

Cérbero ladra por resolução,
Da travessia do Aqueronte,
De minh'alma púrpura.

Ah! Bocage que me consola,
Nos pulcros sentidos da amargura,
Nascente de desejos por praticar...

Mais um sobre aulas...

Nada mais me surpreende (eu presumo, mas como presumir é algo apriorístico, deixo em suspenso).

Aula de Biologia sobre vírus. Lá estava eu explicando sobre vírus, sua composição e ciclo de vida, quando resolvi mostrar alguns exemplos. Comecei pelo clássico sobre AIDS e passei para o HPV, mostrando que o mesmo pode causar câncer de colo do útero, quando...

"Professor..." pede a palavra um aluno.

Olho para ele e espero o questionamento.

"O câncer de colo de útero só acontece nas mulheres????"

Um caos se instala na sala de aula, como se uma coluna de raios gama provenientes da explosão de uma grande estrela atingisse em cheio nosso planeta... de repente, no meio de gritos e risos, ouço um aluno...

"Pelo amor de Deus, professor. Eu juro que a gente nunca faz esse tipo de pergunta!!!"

Penso: "O que Deus tem a ver com isso?" e a aula continuou... na medida do possível...

terça-feira, 3 de março de 2009

Normalidades...

Na escola, o assunto a ser tratado era Genética. Seguindo a ementa, fiz um explicação sobre a origem da Genética, sobre Gregor Mendel, Dobzhansky e Freire-Maia. A partir daí, demonstrei os experimentos de Mendel com ervilhas-de-cheiro e parti para os exercícios. Em um deles o enunciado era o seguinte:

Um casal de pessoas de pele normal têm um filho albino. Qual o genótipo dos membros dessa família?

Mal enunciei o problema e uma aluna protesta:

"Professor! Olha o preconceito!!!! Negros também têm pele normal!!! Isso é racismo!!!"

Com uma cara de espanto, virei-me e respondi:

"Mas em negros também há albinos!!!"

"É, mas o senhor só incluiu os brancos!!!"

"Como assim???"

"Você disse que todos nós da sala temos pele normal, isso é racismo, não incluiu os negros" (realmente não havia negros verdadeiramente negros, mas havia pessoas com fenótipos de negros, indicando sua ascendência).

Precisa eu explicar??? Precisava, e expliquei. Se você não entendeu, mande um email e me pergunte a explicação...


E assim terminou minha noite...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Na Casa China tem!

Um dia como outro qualquer este seria, caso não houvessem infortúnios e devaneios a me enculcar. Se um trator passasse sobre minha cabeça e meu cérebro espirrasse no asfalto, talvez eu sorriria após a dor incomensurável que isso deve causar. Talvez sim, talvez não. Na verdade acho que uma discussão dessas é encher linguiça.
Regras novas no português. Um monte de gente deve comentar sobre isso, porém acho que até com isso lojas de quinquilharias gostam de ganhar dinheiro. Passei em um dia desses na frente da Casa China e me deparei com um livreto gratuitamente distribuído por aquele estabelecimento com as novas regras da Língua Portuguesa... impressionante... tudo o que você quiser, "na Casa China tem!"

domingo, 1 de março de 2009

Sonhos de domingo

Eu lhe dei a mão. Ela me dizia para esquecer a vida que me fez sofrer por semanas que pareciam meses infindáveis. Sorrimos e íamos para nossa nova casa. Era um condomínio de prédios e estávamos num grande pátio que distribuía para aqueles arranha-céus de alto nível. Minha querida companheira dizia que sua mãe havia comprado um daqueles suntuosos apartamentos e nos havia dado como presente de casamento. Nesse meio tempo, um beijo tomou conta de nossos pensamentos e terminou em um dos mais românticos sorrisos de um casal apaixonado.

Entramos. O apartamento era grande. A sala era de cor pastel e comprida e possuía quadros nas paredes de natureza morta. A sacada mostrava ao longe um grande prédio escuro de uma grande corporação. O edifício tinha um formato futurista, como uma grande letra "f" invertida como num espelho e a haste inferior desse "f" girava lentamente.

Sentamos para assistir televisão. Um programa passava sobre o que fazer em caso de incêndio em edifícios. Bombeiros corriam de um lado a outro e pessoas coletavam os mortos. Ou semi-mortos. Com corpos em carrinhos-de-mão, jogavam-nos em uma piscina na qual boiavam ainda vivos, tendo espasmos frenéticos até se afogarem. olhávamos perplexos a cena deveras dantesca.

Num passe de mágica acordo e vejo entre os corpos minha amada. Eu sentado com ela em meus braços, ambos chamuscados. Meus prantos ecoavam pela região. Gritava seu nome e chorava.

Acordei, era de manhã e a realidade me parecia sentir que o sono era a melhor opção...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O velho e o novo - parte 1

Um novo ano começou e coisas novas tem se iniciado. Mas parece que se iniciaram como se fossem algo velho. Um velho ano renovado em um novo ano. É algo como dizia Hannah Arendt (um pouco adaptado): o velho requer o novo, mas tem medo dele (pouco adaptado? Totalmente). Hannah Arendt dizia que uma comunidade sempre tenta manter as suas tradições culturais e as quer repassar para as novas gerações. Porém, ela receia que as gerações mais novas mudem a cultura instalada e assim mantêm na educação sua forma de "coerção", mesmo sabendo que as coisas vão mudar, porque mudaram na época da geração anterior.

Talvez o novo traga realmente coisas novas (como sempre traz). Entretanto penso que esperamos demais da vida quando solicitamos a inovação. É como os fatores evolutivos: algo velho se adapta (mutação), conquista outros (recombinação) e se espalha (deriva). Alguns me dirão que parodiei Toulmin e sua epistemologia evolucionária, mas acho que realmente se aplica a várias coisas além da ciência o caso toulminiano. Porém não podemos deixar de reconhecer que no antigo está a essência do novo. A novidade é uma bricolagem de velharias e a cultura humana é repleta disso, na ciência, na cotidianeidade, no espírito. "A priori" uma frase de Italo Calvino no livro "As cidades invisíveis" (Companhia das Letras, SP, 1990, p. 79), quando Marco Pólo contava de seus feitos a Kublai Khan, disse sobre as pedras com as quais se constrói uma ponte: "Sem pedras o arco [que sustenta a ponte] não existe".

Assim, se pegarmos como exemplo o sofrimento, esse sentimento tão temido pelas pessoas comuns e adorado pelos poetas, ele vem da frustração por uma alegria que não se conquistou e sempre é superado por alegrias que as engavetam no fundo de nossas memórias. E assim sucessivamente. Porém, ao não haver uma mutação em algum desses sentimentos, ocorre uma estase inquieta às pessoas (geralmente aquelas que nos rodeiam) e sempre tentam mudar o sentimento (de sofrimento ou de alegria) dentro do possível.

Na próxima eu termino... vou assistir "Piratas do Caribe"...